A era dos muros: o caso do Haiti e da República Dominicana
- Josieli Santini
- 4 de jun. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de ago. de 2022
O cenário é a Ilha Hispaniola: de um lado, o paraíso caribenho que recebe milhares de turistas e, do outro, um país assolado por problemas ambientais, econômicos e políticos. A fronteira que antes unia dois povos irmãos agora será substituída por concreto. Nesta semana, a agenda do presidente dominicano, Luis Abinader, conta com uma visita à província de Dajabón, onde um muro entre a República Dominicana e o Haiti, ambos países periféricos e historicamente interdependentes, será construído.
O muro cobrirá quase metade de um total de 392 km de fronteira. Com 3,9 metros de altura, contará com fibra óptica para comunicação entre as 70 torres de vigia e os 41 portões de acesso, além de sensor de movimentos, câmeras e drones. Um estudo sobre imigração aponta que mais de quinhentos mil haitianos vivem na República Dominicana. Haitianos e seus descendentes migram para o país vizinho em busca de trabalho, principalmente no campo e na construção civil. Segundo Abnader, o muro diminuirá o contrabando de mercadorias e de armas, e o tráfico de pessoas, além da entrada ilegal de imigrantes no país.
De acordo com informe da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), de 2015, foram recebidas inúmeras denúncias referentes a atos de discriminação e violência por parte dos militares em tarefas na fronteira. Além disso, o diretor do Observatório da Migração e do Tráfico Transfronteiriço afirma que eles cobram entre oito e trinta dólares estadunidenses para permitir a passagem de traficantes.
A Grande Muralha da China, o muro de Donald Trump entre México e Estados Unidos, a divisão entre Israel e Cisjordânia, entre Turquia e Síria, entre Iraque e Arábia Saudita. Os muros não são novidade e o mundo está cheio deles. Um a cada três Estados tem se dedicado a erguer barreiras em torno de suas fronteiras. Dos muros construídos desde a Segunda Guerra Mundial, metade surgiram no século XXI. Por outro lado, a queda deles, como ocorreu na Alemanha, em 1989, não deve se tornar recorrente.
Redação: @josisantini
Arte: @igorfmat
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