Extrema direita na Hungria: as universidades tornam-se o alvo
- Josieli Santini
- 4 de jun. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de ago. de 2022
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, um dos líderes do partido Fidesz, deu mais um passo para consolidar o poder da extrema direita em seu país. Desta vez, as universidades, que são públicas e têm certa autonomia, hospitais, parques e outras instituições são os alvos. O objetivo é transferir a gestão das instituições para fundações privadas, cujos diretores serão escolhidos pelo atual governo, sem tempo determinado para deixarem o cargo.
O Executivo afirma que existe a necessidade de que as instituições públicas sejam geridas fora da esfera estatal para que mudanças de governo não afetem suas atividades. Em contrapartida, especialistas demonstram insatisfação e falam de “domínio ideológico” e da tentativa de manter o partido ultraconservador Fidesz no poder, mesmo após as próximas eleições. Em protesto contra oprojeto de lei, estudantes mobilizaram-se nas redes e decretaram um dia de luto pela autonomia das universidades.
No poder desde 2010, Orbán já manifestou publicamente a vontade de inaugurar uma “nova era cultural”. Nesse contexto, houve aumento do controle estatal sobre a mídia, a educação e a ciência, além de posicionamentos contra a imigração e a comunidade LGBTQIA+, incluindo a oposição ao reconhecimento de pessoas transgênero e à adoção por casais homoafetivos.
A onda conservadora que o leste europeu vem assistindo possui implicações práticas e legais na sociedade. De acordo com relatório publicado pela instituição Variações da Democracia (V-DEM), ligado à Universidade de Gotemburgo, na Suécia, o mundo vive o que os pesquisadores chamam de “terceira onda de autocracias”. Em outras palavras, o número de pessoas que viviam sob regimes considerados não democráticos subiu de 48% em 2018 para 68% em 2020, patamar observado no início de 1990.
A Hungria, segundo o relatório, assim como a Turquia, tornou-se uma autocracia e é o segundo país que mais se afastou da democracia em 2020. O ranking ainda tem o Brasil na quarta colocação. O índice da pesquisa foi elaborado por mais de 3 mil pesquisadores ao redor do mundo, em sua maioria vinculados a universidades.
Redação: @josisantini
Arte: @igorfmat
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