Governo chinês pressiona multinacional a sair da bolsa de valores de Nova Iorque

A empresa chinesa Didi Global, dona do aplicativo 99 no Brasil, estreou na bolsa de valores de Nova Iorque em junho de 2021, levantou 4,4 bilhões e atingiu valor de mercado de 73 bilhões de dólares. Apesar do sucesso da oferta pública — maior operação de uma empresa chinesa desde 2014 —, a Didi Global teve que lidar com uma investigação do governo chinês acerca de suposta coleta indevida de dados dos usuários. O resultado foi o bloqueio do app nas lojas de aplicativo no mês seguinte. Além disso, agências reguladoras chinesas iniciaram uma série de investigações sobre a empresa que duram até hoje.

Em agosto deste ano, a Administração do Espaço Cibernético da China — agência responsável pela segurança de dados no país — ainda não satisfeita com a abertura da empresa no mercado internacional, forçou a companhia a tentar um acordo com o governo para seguir atuando. Além de uma maior regulação da coleta de dados, foi cogitado o envolvimento de outras empresas no gerenciamento de informações, com vistas a aumentar a confiabilidade.

Este mês, a China pressionou os executivos da Didi Global para que uma saída da bolsa de valores de Nova Iorque fosse planejada. O motivo, segundo os reguladores, é o possível vazamento de dados. O fechamento do capital da Didi Global nos Estados Unidos, de acordo com a agência responsável, será seguido de oferta pública na bolsa de valores de Hong Kong.

As ações da companhia, que estrearam por 14 dólares, caíram 42%, para em média 8 dólares, assim como as ações da SoftBank, maior acionária da Didi, que caíram mais de 5%. As empresas de tecnologia chinesas vêm sofrendo com o controle do governo, que busca fiscalizar e manter o monopólio de dados. A ByteDance, sócia majoritária do TikTok, é um dos exemplos e também teve a proibição do download do seu aplicativo nas lojas virtuais neste ano por ilegalidade na coleta de dados dos usuários.

Redação: @josisantini

Arte: @igorfmat